Historicamente falando, a heráldica oficial de um país é administrada por funcionários
do Monarca denominados Rei de Armas, Rei das Armas, Arauto
Real, Heraldo da Corte, etc.
O serviço do Rei
das Armas é fazer a parte corriqueira e documental das outorgas e elevações de títulos
expedidas pelo Monarca, também das fiscalizações das corretas observãncias dos
brasões e suas figuras heráldicas, dos arquivamentos de documentos, etc. Um Monarca de
muitos séculos atrás fazia tudo isso pessoalmente, mas com o passar dos anos não lhe
cabia mais gastar tempo com detalhes basicamenter de escritório e de secretariado. O
Rei-das-Armas é um secretário do Monarca para assuntos nobiliárquicos.
Originalmente este ofício apareceu somente como
dado à um promotor de eventos sociais realizados pelos Reis da época medieval. Eram
eventos de batalhas entre cavaleiros da corte, criados para divertir o público e também
para promover a sociabilidade da corte da época. O evento corresponde a uma situação
atual que se descreve quando um rapaz desfila com a sua tradicional marca inconfundível
de "mauricinho" para tentar encontrar uma paquera para o seu fim-de-semana.
Na imagem ao lado
pode-se notar os cavaleiros na parte de trás, esperando sua hora de serem chamados para a
batalha; as damas, que recebem as maiores atenções dos cavaleiros afoitos por
"cortejá-las"; e os heraldos, de roupões vermelhos, os "promouters"
de sua época.
Com o passar dos
anos estas atividades requereram ao heraldo conhecimento das diversas simbologias, pois
tinha que saber o nome de todos os cavaleiro só de ver suas roupas e símbolos contidos
em seus brasões. Começou então a era das regras destas simbologias, criando-se assim a
chamada Arte Heráldica, com suas regras próprias.
Aos heraldos mais antigos, por causa de suas
experiências em seu ofício, era dado então a posição de ter a última palavra em caso
de dúvidas. Nasceu então o nome de Rei das Armas ou Rei de
Armas. À partir daí o heraldo também conseguiu foro judicial para regrar os
assuntos da área e exercer autoridade para castigar os infratores. Sua palavra tinha o
aval do seu próprio Rei.
Clique aqui para ver a imagem de uma carta de consessão de
brasão heráldico, expedida na idade média.
O Reino Unido da
Grã-Bretãnha, formado pela Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte, tem três destes
funcionários: o Garter King of Arms, Norroy King of Arms e Clarenceuxs
King of Arms, cada um para uma região do Reino Unido.
Na Escocia, em
face de novos rumos traçados para aquele país, há um em específico conhecido como Lord
Lyon King of Arms. ( Clique aqui para ve-lo numa de suas atuações ).
Na Irlanda do
Norte já teve o nome de Ulster King of Arms, e que agora é apenas Chief
Herald of Ireland, pois a chefia maior deste departamento norte-irlandês passou
para o escritório oficial da Inglaterra, o "English College of Arms",
e portanto se chama agora: Norroy King of Arms. (Norroy é um trocadilho
para NO=norte ROY=rei, ou seja: Rei do Norte)
Na Espanha é Reyes
de Armas.
Em portugal é
conhecido como Rei de Armas e Rei d'Armas, mas também
já houveram nomes antigos como Heraldo Real e Heraldo da Corte.
Todos estes tiveram e ainda tem uma função basicamente igual: ser a maior autoridade de
seu País para julgar e dar os vereditos finais dos assuntos heráldicos e a preservação
de suas normas.
Há muito tempo
atrás, em Portugal do céculo XVI, o Rei D.Manoel I (1495-1521) mandou dar cabo às
brigas que vinham tendo no seu Reino por causa da falta de padronização da heráldica no
país. Mandou o seu armeiro-mor (tipo de secretário da casa civil) criar um livro com os
brasões de todos os nobres, e também construir uma sala com a pintura de todos os
brasões dos nobres de sua época. Até hoje ela existe e é ponto turístico na cidade de
Sintra. Clique aqui para saber
mais detalhes a respeito.
O "King of Arms" da
Inglaterra e o "Lord Lyon King of Arms" da Escócia não tem
registrado, há mais de 150 anos, casos que requeiram intervenção judicial contra
usurpação de brasões e títulos nobiliárquicos. A razão é simples: qualquer pessoa
que aspire a um título nobiliárquico jamais irá cometer uma gafe destas, pois, se a
outorga de títulos é do Rei, este nunca iria concedê-lo à um infrator de uma das mais
antigas tradições reais existentes do Reino Unido da Grã-Bretãnha.
Clique aqui para ver uma imagem do roupão cerimonial usado
ainda hoje por um "King of Arms" da Inglaterra.
Clique aqui
para entrar no site oficial da Escócia, do "Lord Lyon, King of Arms" da
"Heraldry Societh of Scotland".
Clique
aqui para entrar no site mais ilustrado do Brasil que trata da arte heráldica. É uma
"Introdução ao Estudo sobre Heráldica". |