A Academia Heráldica de Pathros
:: O Palácio do Paço de Sintra ::

    O Rei Dom Manoel I, o "Venturoso" (1495 a 1521), fez reunir pelo reino de Portugal todos os brasões, insígnias e letreiros, para acabar com o livre arbítrio no uso das armas e concessão de brasões. Com este material, transcrito e falado, planejou fazer um livro onde fossem pintados os brasões. Consta que existiram três livros de brasões, dos quais restaram apenas dois. O Livro Antigo dos Reis d`Armas, escrito por António Godinho, escrivão da Câmara Real, teria desaparecido quando um terremoto destruiu o Cartório da Nobreza. Restaram o Livro do Armeiro-Mor, datado de 15 de agosto de 1509, escrito por João Rodrigues, Rei de Armas de Portugal e o Livro da Torre do Tombo, escrito pelo Bacharel Antonio Rodrigues, também Rei de Armas de Portugal.

          Após a conclusão da obra o rei mandou pintar o teto de um palacete, localizado no Paço de Sintra, com os brasões das 72 principais famílias lusas da época, ilustres em honra, história e bens. A execução ocorreu entre os anos de 1515 e 1520 e todos os brasões estão assentes no ventre de veados, sobre cujas cabeças repousa o timbre de cada família. No centro do teto da sala, que mede 14 por 13 metros, encontram-se as armas do rei, circundadas por seis brasões portugueses representando sua descendência masculina (os príncipes) e dois brasões em lisonja representando sua descendência feminina (as princesas).

"A sala é aproximadamente quadrada, pois mede quatorze metros por treze. O teto, de grande pé direito, terminado em cúpula, é oitavado na base, cortando os ângulos da sala. Todo em volta, no friso do oitavado, está uma renque de painéis, em cada um dos quais se vê pintado um veado, com um escudo pendente do colo e um timbre entre as hastes, tudo emoldurado em seu caixilho retangular. Cada um dos lados do octógono tem quatro veados no friso e portanto em toda esta linha, a principal, estão trinta e dois brasões. A estes seguem-se dezesseis do mesmo tamanho, postos quatro em cada nembo da parede, logo abaixo dos do friso. Além destes, em cada um dos quatro ângulos da sala, por baixo dos cortes do oitavado do teto, em cada canto, mais seis veados, somando portanto vinte e quatro nos quatro ângulos. Recapitulando, temos: trinta e dois veados no friso que circunda toda a sala; dezesseis nos quatro nembos da parede , na parte não afrontada pelo teto; e por último, vinte e quatro nos quatro

        Afora esses ainda há mais brasões, não pendentes contudo do colo de veados e dispostos em cima, na cúpula, por este modo: ao centro, no fecho dela, as armas do Rei, então D. Manuel; de roda destas mais oito de seus filhos.

        Na sala há seis janelas, duas a duas, em cada uma das três paredes, existindo na quarta mais outra janela, e a um canto uma porta apenas. Quem entra, vê logo à sua direita, no friso do corte do teto, as armas dos Noronhas. Vai lendo sempre para a esquerda até chegar às dos Corte Reais, pegadas às primeiras; então passa para a carreira de veados, nas paredes, abaixo do friso, e continua a ler de Lemos em diante, sempre para a esquerda, até aos Soutomaiores. Chegando aqui, só ficam por ver os brasões pintados nos cantos da sala, e começa pelos do ângulo situado por baixo do lanço onde se vêem os Noronhas, e, principiando em Lobatos e seguindo sempre para a esquerda, vem acabar nos Borges, o último dos Brasões sobre a porta da entrada.

        Além destes veados que sustentam as insígnias das armas, ainda no teto mais acima se vêem outros oito muito maiores, sem emblemas porém, e só com uns listões brancos esvoaçando das hastes. Estes cervos estão pintados, em diferentes posturas, no meio dum apainelado com seus artezões e molduras, formado entre a linha principal dos brasões, e aquela onde se puseram as armas dos infantes."

(Anselmo Braamcamp Freire, de: "Brasões da Sala de Sintra")

Brasões do Rei e de 71 Famílias de Nobres

O Rei e seus 8 Filhos

Famílias de Nobres

Rei Dom Manuel

Infante D. Yoam
Infante D. Luis
Infante D.Fernando
Infante D. Afonso
Infante D. Enrique
Infante D. Duarte
Infante Dona Isabel
Infante Dona Beatris

Aboim
Abreu
Aguiar
Albergaria
Albuquerque
Almada
Almeida
Andrada
Arcas
Ataíde
Azevedo
Barreto
Betancour
Borges
Brito
Cabral
Carvalho
Castelo-Branco
Castro
Castro (outros)
Cerveira
Coelho
Corte-Real
Costa
Coutinho
Cunha
Eça
Faria
Febos Monis
Ferreira
Gama
Goes
Goio
Gouvea
Henriques
Lemos
Lima
Lobato
Lobo
Malafaia
Manoel
Mascarenhas
Meira
Melo
Mendonça Furtado
Menezes
Miranda
Mota
Moura
Nogueira
Pacheco
Pereira
Pessanha
Pestana
Pimentel
Pinto
Queirós
Ribeiro

Sampaio
Serpa
Silva
Siqueira
Sousa
Souto-Maior
Tavares
Távora
Teixeira
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